O objetivo da celebração do Dia Nacional de Combate à Surdez é levar informações e desmistificar boatos para a população sobre a saúde auditiva. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2022), 5% da população brasileira é composta por pessoas surdas. São cerca de 10 milhões de cidadãos, dos quais 2,7 milhões possuem surdez profunda.

A audição é constituída por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno, onde essas ondas são transformadas em estímulos elétricos e enviadas ao cérebro, órgão responsável pelo reconhecimento daquilo que se ouve.

Surdez é o nome dado à impossibilidade ou dificuldade de ouvir em níveis considerados normais. Apesar de alguns indivíduos já nascerem com algum tipo de deficiência auditiva, boa parte das pessoas desenvolve o problema ao longo da vida (cerca de 50% da população maior de 70 anos tem deficiência auditiva).

A deficiência auditiva pode ser:

  • Congênita – quando a pessoa já nasceu com essa deficiência. Ocorre em 1 a 3 bebês para cada 1.000 nascimentos. Ela pode ser detectada nos primeiros dias de vida e ser tratada com sucesso.

A surdez de origem genética corresponde a 50% dos casos de surdez congênita e são transmitidas pelos pais através de seus genes. A perda auditiva genética pode manifestar-se quando seu filho é bebê ou quando está mais velho.

Os outros 50% são decorrentes de doenças que ocorrem durante a gestação e afetam a audição do bebê. Algumas destas doenças são doenças infecciosas (Rubéola, Citomegalovirus, Toxoplasmose, Sífilis, Herpes, AIDS) e, portanto, podem ser prevenidas. Cuidados como vacinação, assistência pré-natal e alimentação saudável podem fazer a diferença, evitando-se complicações que vão durar por toda a vida. 

  • Adquirida – quando a pessoa passa por alguma situação durante sua vida que lesa seu sistema auditivo. Algumas alterações são permanentes, outras transitórias.

O aparecimento súbito de uma perda auditiva (surdez súbita) deve ser rapidamente diagnosticado para que o tratamento seja efetivo e a alteração seja revertida. Esses pacientes devem se dirigir ao pronto atendimento e serem avaliados por um médico otorrinolaringologista.

São possíveis causas de perda auditiva: infecções de ouvido repetidas (otites de repetição), uso de certos medicamentos ou drogas, propensão genética, exposição ao ruído de alta intensidade, presbiacusia (perda da audição provocada pela idade), traumas na cabeça, alergias, problemas metabólicos, tumores cerebrais. O tratamento, dependendo da causa, é feito com medicamentos, cirurgias e/ou uso de aparelho.

O sinal de alerta vem quando você percebe que não está tendo uma boa audição (aparecimento de zumbido), não consegue entender o que é dito e tem que pedir para as pessoas repetirem (“escuta, mas não entende”) e/ou, principalmente, quando as pessoas com quem você convive começam a notar essa sua perda auditiva (fala muito alto, aumenta o volume do rádio e da TV). No caso de crianças, o sintoma mais importante que indica a possibilidade de perda auditiva é o atraso de aquisição de fala e ausência de diálogo.

A perda auditiva pode ser detectada num percentual de 80% a 90 % com um simples teste auditivo. A avaliação audiológica engloba vários testes. Um deles é o exame das otoemissões acústicas, o ‘teste da orelhinha’, utilizado para diagnóstico em recém-nascidos e que contribui para o melhor prognóstico durante a vida.

Outro teste é a audiometria, exame prescrito quando há a necessidade de avaliar perda auditiva ou quando ocorrem traumas, perfuração timpânica, uso excessivo de diversos medicamentos, infecções, história hereditária de perda auditiva, entre outras questões.

Para prevenir a surdez, algumas medidas devem ser tomadas:

  • Evitar a exposição a ruídos de alta intensidade por muitas horas – a perda auditiva é causada por lesão das células ciliadas externas, que são as células da nossa audição. O uso prolongado de fones de ouvido, por exemplo, é um hábito muito deletério para audição;
  • Doenças como sífilis, rubéola e toxoplasmose em gestantes podem provocar surdez nas crianças. Por isso, faz-se necessária a orientação médica pré-natal. Mulheres devem tomar a vacina contra a rubéola antes da adolescência, para que durante a gravidez estejam protegidas;
  • Não introduzir objetos pontiagudos, como canetas e grampos nos ouvidos, pois, eles podem causar sérias lesões;
  • Evitar o uso inadequado de remédios com grau de toxicidade para o ouvido;
  • Utilizar equipamentos de proteção para trabalhadores expostos aos riscos ocupacionais provocados pelo ruído minimiza danos a longo prazo. A saúde auditiva dessas pessoas deve ser acompanhada pela empresa e medidas devem ser tomadas no sentido de eliminar ou reduzir o ruído no ambiente de trabalho;
  • Adotar um estilo de vida saudável. Hábitos como o consumo de álcool e cigarro podem desencadear lesões de estruturas vasculares relacionadas ao trato auditivo.

O tratamento para a surdez depende da causa e compreende desde limpeza ou drenagem do ouvido quando há acúmulo de cera ou secreção até a realização de cirurgia em casos de tímpano perfurado ou para correção de alguma deformidade.​

Outros tratamentos que visam compensar a perda da audição preconizam o uso de próteses auditivas, que amplificam o som e o implante coclear, no qual um equipamento eletrônico implantado cirurgicamente transmite o sinal sonoro.

Além disso, alguns pacientes podem também se beneficiar com algumas formas de reabilitação que incluem a leitura labial ou linguagem de sinais, que melhoram a qualidade de comunicação e interação social destas pessoas.


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